Dor no ombro: cerca de metade dos casos são relacionados à tendinopatia do maguito rotador
O exame de ultrassom é um excelente método de diagnóstico para algumas patologias do ombro. Veja quais as principais fases da tendinopatia do manguito rotador e como identificá-las ao ultrassom.
A tendinopatia do manguito rotador é origem de 50 a 60% das queixas de dor no ombro. Decorre de um desequilíbrio de funcionamento escápulo-umeral. É um processo contínuo, ou seja, é uma doença que tende a ser progressiva. A adição ou retirada da carga pode alterar a fase da doença.
Formado principalmente por colágeno tipo 1 dispostos longitudinalmente em fibras paralelas envolvidas por fibroblastos. A maior parte dos tendões é avascular, sendo irrigado intrinsecamente pela região miotendínea e osteotendínea, e extrinsicamente pelo paratendão por onde chegam vasos e nervos. Logo, os tendões tem baixo poder de regeneação.
Notadamente, um tendão doloroso, ao método ultrassonográfico, está aumentado de tamanho. Porém existem 4 fases bem definidas: tendinopatia reativa; falha na cura; degeneração; ruptura macroscópica.
Fase 1: resposta inflamatória não proliferativa celular e na matriz devido tração aguda ou sobrecarga. Espessamento homogêneo do tendão, aumentando a área de secção transversal para permitir a adaptação à sobrecarga. As mudanças são mínimas, porém já existe padrão de fibras de colágeno tipo 3. Ocorre hiperplasia, hipertrofia e arredondamento dos tenócitos.
USG: tendão espessado, hipoecoico e homogêneo devido micro rupturas com micro hemorragias e edema do paratendão e principalmente pelo aumento da água ligada dentro dos proteoglicanos.
Nesta fase, o repouso, discreto alongamento e carga gradual podem reverter o processo.
Fase 2: falha na cura (tendinose). Tentativa de cicatrização do tendão porém as cels afetadas são pouco diferenciadas, formando colágeno tipo 3 e não tipo 1, com fibras não paralelas e com perda dos planos fasciculares reticulados. A hiperplasia vascular é anormal e incapaz de induzir cicatrização do tendão. Há aumento dos proteoglicanos hidrofílicos entre as fibras de colágeno.
Obs: a presença de vasos no tendão mostra apenas que está tentando recuperar aquele tendão degenerativo. O Doppler não serve para o diagnóstico de tendinopatia.
USG: tendão espessado porém já com desorganização do colágeno. Pode ter doppler positivo.
Fase 3: degeneração; morte celular por esgotamento dos tenócitos e desagregação do colágeno e matriz extracelular levando a áreas de acelularidade e de matriz degradada com pouco colágeno. Pouca capacidade de reversibilidade das alterações patológicas nesta fase. Ilhas de patologia degenerativa intercaladas com outras etapas da patologia e do tendão normal.
USG: tendão irregular e heterogêneo com áreas anecoicas e ecogênicas sem aumento de calibre.
Fase 4: ruptura estrutural e falha mecânica.
USG: descontinuidade macroscópica e até ausência total do tendão.
Não respondem mais a tratamento conservador.